quinta-feira, 2 de junho de 2011

Era uma vez...Contação de histórias

Contar histórias é o que os professores mais fazem. Contar histórias para explicar algo, para elucidar um fato para "dar uma bronca". Coloco aqui um pouco de alguns gêneros importantes de histórias e algumas dicas de como trabalhá-las. Aproveitem, beijos, Mariah



“Era uma vez.... Contação de histórias”.
Por: Maria Helena Silvério
TIPOS DE HISTÓRIAS

Contos de fadas - O mais apreciado pelas crianças, apesar de violentos e sádicos. Relato popular caracteriza-se pela presença de seres, objetos e lugares sobrenaturais (fadas, bruxas, dragões, varinhas de condão e reinos enfeitiçados atemporais).
Apresentam número restrito de personagens, opostos por motivações simples e claras – generosidade/egoísmo, confiança/traição, amor/ódio, bondade/maldade. Ao final, boas condutas são gratificadas enquanto maldades merecem e recebem castigos. Existe a valorização da esperteza = criatividade (diferente da lei de Gerson), iniciativa e solidariedade. Texto claro, objetivo.
As crianças reconhecem nestes textos bálsamos para seus medos e receios (medo de violência, perda da saúde, instabilidade financeira dos adultos).
O lobo que engole a vovó é logo castigado. O príncipe que vaga cego por anos à procura da Rapunzel é encontrado, curado e vive feliz para sempre. A Bela Adormecida que foi condenada a morte só por que seus pais não terem convidado uma “fada” para uma festa, encontra sua recompensa através do amor, e a restituição da vida de toda uma comunidade. Branca de Neve também é condenada à morte por ser bela, encontra uma nova família (anões), um amor e por fim o mal é castigado.
Os contos de fadas estão presentes em várias culturas, e sua transmissão se dava por via oral até que na França em 1697 Charles Perrault narra vários contos em uma publicação intitulada Mamãe Gansa (pois significa aconchego, proteção debaixo das asas).
Lembro ainda que os contos de fadas não foram criados para as crianças, mas sim para os adultos contarem a beira de fogueiras e dar exemplos sobre o que é bom ou ruim.
Este tipo de história funcionará bem até os 6 ou 7 anos, pois á partir dessa idade, pois, segundo Piaget, após esta idade há uma evolução crescente do pensamento lógico formal, onde a criança usará o conhecimento que tem a realidade externa e poderá trabalhar com ele de modo lógico.

Fábulas – atribui-se a Esopo, que viveu no séc. VI a. C e a Fedro séc. I a. C, ambos, escravos alforriados, a idéia de usar as fábulas para transmitir mensagens aos demais escravos. La Fontaine (1621-1695) foi quem mais tarde divulgou as fábulas, com o objetivo de deixar claras as injustiças sociais vividas pelos plebeus na França do séc. XVIII.
As fábulas encerram padrões de comportamento, evidenciam valores, apontam para soluções justas. Estas falam de verdade, lealdade, justiça, altruísmo, despojamento, bondade, ditando modelos de comportamento (de forma velada, onde os protagonistas são animais).
Estas são mais adequadas a crianças de 7 ou 8 anos, pois nesta idade podem abstrair as lições contidas nas mesmas.

Lendas – Do latim, legenda (coisa que deve ser lida). Relato de caráter maravilhoso. Uma pessoa pode se tornar uma lenda, desde que seus fatos ganhem dimensões extraordinárias no boca a boca cotidiano. Ex. Pelé, a crônica esportiva o traduz como o rei do futebol, um atleta infalível. Seus erros, ações violentas não contam, o que o separa também do homem Edson Arantes do Nascimento, colecionador de desafetos políticos, que só reconheceu a paternidade de uma filha após o exame de DNA.
A lenda traduz a cultura (espaço e tempo) de um povo. Ex. Lendas indígenas que explicam como nasceram o sol, as estrelas ou como uma flor (miosótis) ficou com a cor azul.
Antes as lendas e mitos ocorriam nos castelos, grutas e florestas, hoje elas mudaram para os shoppings center. Dos cavalos de batalha, deslocaram-se para os caminhões e auto-estradas, mas o conteúdo é semelhante, a luta do homem contra a solidão e o medo do escuro da noite.

Mitos - Vem do grego MYTHOS, refere-se a narrativas heróicas, ligadas a imagem de Deuses, que encarnam as forças da natureza. Certos mitos encontram correspondência direta em mais de uma cultura. Gregos e Romanos antigos tinham como mito os mesmos Deuses, que só mudavam de nome. Ex. Dionísio e Baco, Afrodite e Vênus, Zeus e Júpiter, Eros e Cupido.

HISTÓRIAS INFANTIS – O desenvolvimento que podem propiciar

Cada história tem uma mensagem específica, típica a seu roteiro. E é isto que deve motivar a sua escolha, a mensagem educacional desejada pelo seu narrador.
De forma genérica, as histórias contribuem com diversos aspectos da formação de crianças e jovens. Esses aspectos podem variar de intensidade de uma história para outra. Porem. De maneira geral todas as histórias propiciam:

Atenção e Raciocínio - pois as histórias têm o poder mágico de prender a atenção das crianças. Particularidades e fatos são acompanhados com mais compreensão e criam espaços para especulações. Ex. Como será que o príncipe fará para sair desta situação? Quantos ratos faltam para se transformar em cocheiros?
Também relacionarão causa e efeito, amadurecendo seu intelecto e moral.
A narrativa exercita a memória (histórias em capítulos ou histórias com fatos parecidos, ou histórias com repetição).

Senso crítico – convívio ao pensamento, não informações fechadas, não imposições. Pode-se questionar (porque as princesas e príncipes são sempre brancos e jovens? A madrasta é sempre má?).

Imaginação e criatividade - nos dias de hoje a criatividade é diretamente proporcional a quantidade de referências que uma pessoa possui. As histórias são capazes de dar estas referências às crianças. Quanto mais rica e detalhada a narração da história, mais informação trará a criança.

Afetividade e transmissão de valores – momentos de cumplicidade aumentam o companheirismo e favorecem a afetividade, o fortalecimento de vínculos e como conseqüência a transmissão de valores.

Transmissão de conteúdos

Ex. A série Corpim do Ziraldo (Rolim, Dodó, Calcanhar de Aquiles, Joelho Juvenal etc.) pode tratar com maestria de assuntos como corpo humano, higiene, relacionamentos, entre outros.
História de uma folha – Léo Buscaglia - tema morte
Menina bonita do laço de fita – discriminação
O gato malhado e a Andorinha Sinhá – Jorge Amado, O menino maluquinho, O menino Marron (Ziraldo), Quem perde ganha (Ana Maria Machado), estes livros tratam de temas como Diferença.

Os dez sacis, Dez porquinhos dez, O rei bigodeira e sua banheira, A casa sonolenta – tratam de contagem em Matemática, para os maiores tem O homem que calculava de Malbataan.
A princesa e o pintor, Portinholas de Ana Maria Machado versam sobre a história do Brasil e Arte.

Pedro e Carolina de Sten Hegeler – sexualidade
A Seda – processos de produção.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

O contador de histórias deve preparar os ouvintes e o ambiente para o que irá acontecer.
Criando o ambiente adequado para contar a história o narrador deve:
• Ter um local adequado, sem muitos ruídos,
• Usar um tapete ou local habitualmente utilizado para este fim,
• Pode cantar uma música para iniciar o ritual de contação,
• A voz do narrador deve se modular de acordo com o enredo da história, nem alta demais que incomode, ou baixa demais e se torne monótona.
• Deve usar fórmulas como entrou por uma porta e saiu por outra, pois são boas para encerrar a narração.


Quanto ao contador:

• Este pode usar fantasias, chapéus, perucas e adereços esporadicamente e sem exagero, pois os alunos poderão se prender a estes e não a história.
• A história não deve ser interrompida para dar bronca ou explicações, estas devem ser combinadas com antecedência,
• As histórias devem ser lidas com antecedência, para que não se tenham surpresas com conteúdos, vocabulário ou ilustrações.
• Escolher histórias que lhe agradam, que batem com os seus valores pessoais, que estejam de acordo com aquilo que desejam transmitir.
• A história deve ser escolhida tendo em vista a faixa etária da criança, seu nível de compreensão, o momento de abordá-lo, de acordo com a mensagem que deseja transmitir.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Com materiais – Fantoches, dedoches, objetos e livros (com texto e sem texto), pedem um ambiente mais acolhedor, com tapetes, almofadas.
- Com fantasias, chapéus, adereços, caixas mágicas, sacolas surpresas, pedem ambiente mais amplo, onde o narrador possa circular se necessário. (menina bonita com laço de fita – vestida de bruxa).
- Histórias desenhadas – lousa e giz ou papel e canetão.
- História com avental
Sem material - Voz e postura do narrador, sóbrio e adequado à tonalidade certa.

Dicas - Devemos contar a história primeira, antes de mostrar gravuras ou passar filmes, pois no caso da Disney os contos de fadas foram deturpados, e se mostramos gravuras antes, não damos espaço para a criação de figuras imaginárias.
Fazer combinados antes de iniciar a história e repeti-los a cada vez que for contar uma história.
Colocar cartaz na porta da sala, para não ser interrompido.
Histórias em capítulos, deixar sempre um suspense para o dia seguinte, estímulo à memória.

domingo, 22 de maio de 2011

Fazendo Arte também se aprende










Somos futuras professoras, por isto Artistas e Arteiras. Em nosso percurso de aprendizagem seguimos aprendendo.

Bienal do livro, aprendendo juntas...


Aprender sempre, é isto que fomos fazer, quando visitamos juntas a 1ª Bienal do Livro, aqui em São José dos Campos.